1.4.18

“meus amigos e eu”



nossa crítica azeda é ainda
a melhor maneira de fazer rir
fora danças exóticas, alguém diz:
suor foi a melhor idéia de deus.

somos seis, sete, agora seis outra vez,
amigos unidos que procuram entender
de uma vez por todas que proteção
seria essa quando dizemos amigo.

precisamos estar juntos para estarmos
protegidos pela palavra amigo,
palavra que traz consigo
uma caixa de escombros.

sobre a parte boa de tudo
deslizamos
inconscientes o mais possível
da pedra.

todos temos
nossos momentos
de faniquito
porque ser amigo
é também poder
desesperar junto.

amizade é conseguir desmanchar
a máscara de alguém sem matá-lo.

estamos vivos porque nos tocamos
e temos autorização para azedar
com um esguicho do veneno
que salva da picada mortal
cada um dos semblantes seriíssimos
que viver sem mapa nos levou a ter.

com água temperada e outros líquidos
que saem dos nossos poros por cima
das mentiras e da nossa inábil razão,
lavamos a casa do nosso velho afeto.

uma gruta atravancada
de coisas nuas e selvagens,
fáceis de esquecer
no cruzar eficiente
entre nossas falhas
e os egos inchados
que, entre amigos,
às vezes morrem no suor.

somos um grupo animalesco
no esplendor de uma era fria
expositora do que falta em nós
de garra, saliva, unhas e pelos.
só juntos podemos ver a poeira
que a reunião do nosso rebanho
levanta na terra sagrada do fim.

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