22.8.17

"dentes de carne"


azul como o que cerca
teus dentes de carne.
o mistério da máquina
sufoca a voz do ventre
e geme de luz o olho.
penélope charmosa
cavalga cão rabugento
no desafio das cores
que se abrem no leque
da carne estapeada
no mistério da morte.
calamos de cócoras
amor a contra-vento.
zunimos em sonhos
umedecidos de pus.
não sabemos mais
que olhos beijamos.
estamos aturdidos
à margem do caos.
margear entranhas
na ponta do delírio
azul como o que cerca
teus dentes de carne
vento frio que faz alma
na garganta do teu cio.

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