23.12.16

“um poema temeroso”


– ó meu deus é preciso!
saber filtrar a nobre experiência
de tudo que perdura no caldo
da experiência humana
correspondente a ti próprio,
que és um pouco de todos
e um muito do que não há.

mesmo assim reténs aos atropelos
pelo mínimo cada vez menor
que tens de humano reconhecível
e não usas lanternas no escuro
dos labirintos que nunca houve
a não ser na tua calva têmpora
que agora se cansa em calo
de emoção represada,
de emoção despejada,
de emoção desprezada.

porque não sabes o combate
para fazer valer os sonhos
e cantar fardos noutra língua.

– ó meu deus é preciso!
saber lamber a nova língua
que, monstro mitológico
num preâmbulo pouco
aguardado no mundo,
suspende teu coração fraco
com mil dentes de medo.

Nenhum comentário: