4.3.15

"quanto trabalho"


de volta à trilha alquímica
da equanimidade possível,
desperto em mil bytes
os afetos rarefeitos.
os cigarros são amigos
indispostos ao banho
e cuja energia eu sugo
como um mau amigo,
o único,
até que, pós-químicos,
como sansões de alcatrão,
eles caiam exaustos
como quem diz
quanto trabalho
me dá este amigo.
outros amigos têm se escorado
e mantido o sorriso ereto
de coragem assustada,
não entram mais nos
ônibus carros elevadores
infantes espaçonaves,
porque já estamos fora
da estratosfera de nossos âmbitos.
a linda mulher arruma-se
com uma não menos linda
camisa de flores
sem roupa de baixo – está quente
e isso é bom porque
ao suor nos bigodes
compete a química
da equanimidade possível.
espero pelas manhãs que alguém,
amigo, me traga até aqui.
hoje foi essa linda mulher,
que agora se arruma e logo
trabalhará pela vida.
trabalharei eu também,
iremos todos sem capital
para investir em ironia.
acompanho de longe o repuxo
do meu espanto, anoiteço
com um livro agarrado à mão,
àquela mão do fim dos dias
que, como o cigarro,
também diz quanto trabalho
me dá este amigo.

2 comentários:

Anônimo disse...

tem que lançar ebook na amazon. é "de graça" (o autor leva 70% da venda). faz romance ou contos e coloca capa bonitona. abs

Isadora P. disse...

Esse é ótimo também, Leo. E que ótimo trabalho, por céus! <3