16.4.14

"imperatriz"




só o que eu espero é que você me cale,
que me sufoque de amor e me roube
palavras com seus símbolos antigos,
acenda seus olhos imensos e me cale,
exploda na minha cara seus dentinhos
esses que são dentinhos como de coelho,
e que sempre que eu falar “dentinhos!”
você os ponha para fora feito um coelho,
mas isso ainda não me cala e aqui falo,
só o que eu espero é que você me cale,
que roube minha carne e me germine,
que reanime meus restos e me espante,
para sempre quero ficar boquiaberto
diante da imperatriz do meu destino,
e tiraremos algodão puro das pedras,
e muitas vezes, de nossas entranhas,
emergirão os ancestrais afogamentos,
e teremos o dobro de ar nas brânquias,
porque somos marítimos e caramujos,
e nosso fôlego será dividido em pistões,
e nossas bocas estarão sempre coladas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Uau! A volta do poeta. Bjs. Mary

Anônimo disse...

uau, e eu para sempre ficarei boquiaberta diante do imperador dos seus poemas. beijos! Dani

Anônimo disse...

Se eu te calar, nunca vou me perdoar.
Quero o contrário, você sabe.

Preciso da sua lua em gêmeos verborrágica, dupla, contraditória e transbordante exatamente dis-so aqui.

beijos colados, sem fôlego.

ass:_____ aquela que não impera nada, mas que caça coelhos e te traz todos, vivos,

por um triz.