20.10.13

"álcool"


são firmes petelecos nos nervos
de tua quente fidelidade noturna.
palhaço sem calças, esqueces
tua simplicidade monumental,
a gagueira com que vencias
erros humanos sem pecado.

porque todo pecado é o certo.
há um dia em que se percebe
a mudez fratricida de tua lira,
engano roufenho de tua chave.
e abres tudo sem mover o fio
que te liga ao que foi proposto
e desafia tua tesoura barroca,
sem fio no fio de tua espécie.

esquina revelada do absinto
a rua em que, sem as noites,
dormem teus nervos de areia
ao se enrolarem no plástico
de tuas raízes sem tremores.

são firmes nervos, os petelecos
precisam inaugurar outro gesso.
é mau o novo gesso, ele é como
as primeiras ternuras da infância
quando se odeia o que se ama,
olho imenso a que apontastes
na gota infame do naufrágio.

agora, outra vez, as faculdades
dirão faça isso, morra por aqui.
e terás enfim um medo terrível,
um estúpido em tuas entranhas
agarrado aos cílios de tua vida.
mas são areias de outros ruídos
que formam o silêncio de deus.

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