31.12.12

"Mário"




saber que certos olhos
espantam nossas amídalas,
e quando me dizem: estás rouco,
sei o quanto olhos já me espantaram
para chegar a este ponto.

a magia das coisas demora
a nos tocar e, quando toca,
notamos, mas já é outra coisa.

ser outra coisa é tudo
que lembramos e com isso,
na lembrança do que deveria
ser estado mas é passagem,
deslizamos em pedras agudas
e realizamos enfim a comunhão
com as amídalas inflamadas,
o coração rouco de imagens,
as cordas do tempo na garganta
feito A Grande Razão possuída.

uma pena ser apenas um proletário
e, mesmo sendo pouco mais bonito,
não poder escrever como Cesariny.