23.9.11

“sem verbo, sem adjetivo”





para Miles Davis



ainda não de todo corpo a verdade,
sem verbo ainda a pele do processo,
acima de tudo, um deslize adjetivo,
dentes e areia nos olhos da penumbra,
miles de minha infância, aleluia, sim!
escultura de metal com molas, prego
no caminho em música, cavalgadas
de paz como feitiço, chapéu da noite
dentro dos ossos, escola da exigência,
frequência de rua, tempo de gueto,
pulso da abstração, catarata on/off,
agulhas de mel no topo do sentido,
um dia, talvez, elegância da margem,
dança com dois punhos de algodão,
órgãos em drama de semi-esperança,
assim já não, nunca mais, agora outro
deserto memória da agonia em pêlos,
sem um verbo, desta vez sem adjetivo,
prazer de íris, maná, dilatação do susto,
culhão de maremoto, show das raças,
verbo transe da massa, óculos de raio,
colisão de vara verde na escola do tédio.

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