3.9.11

"helder"









dizem que você se esconde nos confins
da ilha da madeira e usa um cinto firme
em volta do coração e escreve poemas
sangrentos sobre a ausência presente
das coisas atávicas, mas sinceramente,
gostaria de saber melhor como viveria
um poeta isolado do contato humano,
tão puro quanto a flor ou o incêndio.
mas será que corta lenha, usa caderno?
há que haver discernimento, é um fato,
mas alguma apresentação ao ridículo
não seria também um fato a discutir?
talvez seja questão de só ser possível
tocar a dádiva ausentando-se de tudo.
mas e a brecha, e a margem do humano?
é como se você me devesse explicações.
quanto do que é escrito é possível viver?
estamos sozinhos em cada cabana cheia.

2 comentários:

Maíra F. disse...

Incrível. Cada vez que leio algo teu fico um pouquinho mais fascinada.

Anônimo disse...

é como se eu te devesse explicacoes, lindo!