10.10.10

"bravata"

eu sei, meu amor, que contigo aqui no meu colo,
tuas pernas duras, eu não preciso de mais nada,
e eu sei, meu amor, eu sei, todos nós sabemos,
que você está certa, eu sempre sonhei com um amor
que, como você, pudesse me ver escrevendo,
trabalhando no que mais amo e não trocaria nunca,
e eu sei, mamacita, dizemos sempre, ou tentamos,
coisas doces um ao outro, dessas de seguir vivendo,
mas acontece, meu amor, que eu preciso morrer,
eu preciso morrer horrivelmente, vergonhosamente,
eu preciso morrer como morreram meus heróis,
eu preciso morrer numa estrada para o México,
eu preciso morrer de tifo, de sífilis, de paixões abissínias,
eu preciso morrer sem deixar nada além de um Prêmio Nobel
e comentários inteligentes de homens já sem próstata,
enquanto, nos jornais, eles dirão: “grande escritor, abençoado
com a capacidade de narrar as questões medulares da raça humana,
morre de forma chocante, paródica, um tiro de espingarda na boca”,
e isso não será de todo feio, minha paixão, eu espero
que você me entenda, eu não preciso de cura ou benção,
estou abençoado pelas caronas nos trens de carga,
quero estar tremendo um dia, numa estrada de neve,
quero saber quem é quem nesse dia, por essa estrada,
e, sabendo quem é quem, quero tremer de medo, pensar:
“vergonha por tudo que pensei ter feito”, e sentar,
tocar uma bela punheta no meio do mato e sorrir
com os mesmos velhos dentes dos quais um dia disseram:
“um belo sorriso, rapaz intrigante, a febre da raposa”,
e quero morrer fulminantemente neste dia, no meio da neve,
mas agora você me dá seus pés, você deita seus pés no meu colo
enquanto escuto Highway 61 e isso é tão bom quanto uma bravata,
mas talvez não tanto quanto esta porque, meu amor, eu farei.

3 comentários:

Anônimo disse...

NAO ENTENDI NADA!

Anônimo disse...

BURRA É ASSIM MESMO!

Anônimo disse...

CARALHO! BURRO É A "P" QUE LHE PARIU.