11.7.10

"mahler"




“quando se ousou voar com os pássaros,
só se deve saber mais uma coisa: cair”

(Rainer Maria Rilke)


chegou, enfim, o domador de abismos,
preparador de aquários de uma nova era.

graças a deus, és o inoportuno, o macaco
judeu com meio metro de testa, os olhos
de serpente, a pose chapliniana, pequeno,
o que dava pele aos fantasmas e, bem ali,
de nós até deus existe apenas um passo,
nos tíbios sentimentos pela ansiada paz.

grande ator fazendo um grande homem
que caminha rua abaixo e segue os gritos
proletários pensando: “eles sim são meus
irmãos, porque eles são o futuro”, e nós,
esse futuro, não sabíamos que se começa
abatido a pauladas, e um intruso nunca
deixa definitivamente de sê-lo, e que há
sementes de dúvidas no real significado
da liberdade, parênteses entorno do amor
e da própria morte, mas você, o que sabe
da carne trêmula, se pudesse dizer, diria:

“não temam, meus filhos, é preciso saber
que se bate com a cabeça contra a parede,
mas, saibam, é a parede que terá o buraco”.

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