19.11.09

"piva"

"A morte é um refrão no crânio sem janelas"
(Roberto Piva)





existem os ovos, Piva, sim,
existem os ovos, como não?
não se preocupe, nós viremos
para buscá-los, faremos festa,
água pura cairá de pedras feias
e estaremos juntos, enfim, nós,
por entre os bambuzais do caos.

também amputaram-me as flores
do crânio com urgência criminosa.
também me queimaram os serafins,
mas a canção sem vírgula permanece
como o grito que salta da gaiola surdo
a cada pássaro que perdemos na rede,
na difícil rede de nossas vagas matrizes.

nós estaremos juntos, tão sós, que não
desgrudaremos mais as mãos, jamais,
e, tenho certeza, nós permaneceremos
de orelhas em riste, secos e sedentos
por uma catástrofe que limpe todo
o tédio que articula as artérias lilases
dos jovens bailarinos desconjuntados.

2 comentários:

Mariana Botelho disse...

você é assustador como Piva.

Anônimo disse...

E querem agora esconderem-se no manto da poesia,
Um manto pequeno,pobre e transparente.
Vejo claramente o que está por traz.
Portanto,
Sigamos a “poesia”
A posia é o indulto da vossa covardia.
-Só essa noite ou todos os dias?
Cândida poesia pra um pai de família ser humilhado,muitos filhos ,parentes,aderentes,
Insetos invertebrados,acéfalos,comendo o permitido por patrão,migalhinhas,cuspidos e vomitados,trucentas vezes ruminados,e dado como ração.
Como nos dourados tempos de outrora
Posso ver os coronéis
Com seus anéis
E violêcia amparada
Os velhos patrões de quem nos policia.
Criam leis parciais
Tão falsas quanto os poetas instantâneos (solúveis),dietéticos.
Poetas light.
Marca cú.