10.7.09

"dostoievski"

para Rodrigo de Souza Leão

quando, inchado, surgir o rosto
vermelho da sentinela siberiana,
então não haverá mais o tempo
para observar a Madona Sistina,
não haverá a saliva, que escorre
enquanto os gritos viram vasos
que estouram no giro da roleta
e ameaçam o sentimento volátil
que rosna das entranhas, a queda
que derruba da cadeira, e a pena
permanece intacta, mas a marca
são aquelas pernas muito curtas
que não se dobram, acorrentadas,
a testa vasta, a fuga para Baden
quando gastas as últimas moedas
na sorte, tão falha como na hora
que contou 1457 passos de casa
até o cassino onde, por um soco
perdeu tudo, voltou aos prantos,
culpando a esposa pelo inaudito
que espreita dos pequenos vasos
na cabeça febril, ao pegar a pena
que escapa por um triz, as ondas,
não se vê mais nada, só as ondas,
a explosão eslava: última saliva.

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