6.2.09

"nelson"

então não há nada mais estranho
que ver um estranho sangrando,
a nós, que sangramos tanto e nem
sabemos a verdadeira verdade,
mas um estranho se meter na frente
do primeiro ônibus, que parou,
e olhar para o primeiro passante,
um senhor de família, semi-aposentado,
preocupado com sair, entrar, sair,
e este senhor recebe um pedido:
“por favor, estou morrendo, um beijo”,
e ele beija um estranho e não beija
qualquer estranho, mas é estranho
a si mesmo de repente e acusado
por mulher, patrão, encargos publicitários,
e tudo o que ele fez foi dar um último
momento de ternura a um desconhecido.
isso é o que se chama violência pacífica,
segundo Gandhi ou Nelson Rodrigues.

Um comentário:

belino disse...

cara, seus textos são musicais... leio o que escreve e melodias diferentes me visitam. é sério!

que bom ter concordado com o lance de fazer música com o texto que está abaixo da foto.

trabalharei nisso e, quando estiver bom, gravo em casa mesmo e te mando.

fechado?

abs