10.2.09

"arma"

preste atenção agora, veja bem,
pule os dedos, além deles, lá está.
esta é sua arma, não arrebente,
isso mesmo, não é muito, é sabido,
mas é sua e, por favor, cuide dela.

tentarão quebrá-la, será inútil.
você mesmo muitas vezes em vão.
mas as palavras em estilhaço,
uma a uma, como pele suturada,
serão reagrupadas outra vez neste
conjunto mórbido a que me refiro:
sua arma, e novamente lá ela, cega,
prateada, rascante de espaços vazios,
minimizada ao máximo e ainda sua.

e desdenharão de sua arma pelas ruas,
alguns com ignorância, outros com ódio.
cabe apenas a você guardar as lágrimas,
que são além de oceano verniz do medo.
cabe espatifar na parede, juntar outra vez,
caco por caco a dor, e tornar a fazer mil
vezes até, palavra por palavra, tornar-se
a cegueira voluntária, e a arma eterna.

Um comentário:

Anônimo disse...

...e como eu disse, o poemas continuam muito bons! Vc acertou na imagem da lágrima. Quase sempre é assim.