14.9.08

"Mr. Henry Charles Bukowski Jr."


“a poem is a city”

a poem is a city filled with streets and sewers
filled with saints, heroes, beggars, madmen,
filled wit banality and booze,
filled with rain and thunder and periods of
drought, a poem is a city at war,
a poem is a city asking a clock why,
a poem is a city burning,
a poem is a city under guns
its barbershops filled with cynical drunks,
a poem is a city where God rides naked
through the streets like Lady Godiva,
where dogs bark at night, and chase away
the flag; a poem is a city of poets,
most of them quite similar
and envious and bitter...
a poem is a city now,
50 miles from nowhere,
9:09 in the morning,
the taste of liquor and cigarettes,
no police, no lovers, walking the streets,
this poem, this city, closing doors,
barricaded, almost empty,
mournful without tears, aging without pity,
the hardrock mountains,
the ocean like a lavender flame,
a moon destitute of greatness,
a small music from broken windows...

a poem is a city, a poem is a nation,
a poem is the world...

and now I stick this under glass
for the mad editor’s scrutiny,
and night is elsewhere
and faint gray ladies stand in line,
dog follows dog to estuary,
the trumpets bring on gallows
as small men rant at things
they cannot do.

***

“um poema é uma cidade”

um poema é uma cidade cheia de ruas e esgotos
cheia de santos, heróis, pedintes, loucos,
cheia de banalidade e bebedeira,
cheia de chuva e trovão e períodos de seca,
um poema é uma cidade em guerra,
um poema é uma cidade perguntando ao relógio por que,
um poema é uma cidade em chamas,
um poema é uma cidade rendida por armas
suas barbearias cheias de bêbados cínicos,
um poema é uma cidade onde Deus anda pelado
pelas ruas como Lady Godiva,
onde cães latem à noite e perseguem a bandeira;
um poema é uma cidade de poetas,
quase todos um tanto semelhantes
e invejosos e amargos...
um poema é uma cidade agora,
50 milhas de lugar nenhum,
9:09 da manhã,
o gosto de bebida e de cigarros,
sem polícia, sem amantes, andar pelas ruas,
este poema, esta cidade, as portas fechadas,
barricadas, quase vazia,
desolada sem lágrimas, envelhecendo sem pena,
as montanhas feitas de pedra,
o oceano como chama de lavanda,
uma lua destituída de grandeza,
a pequena música que vem das janelas quebradas...

um poema é uma cidade, um poema é uma nação,
um poema é o mundo...

e agora eu enfio isso debaixo do copo
para o exame detalhado do editor maluco,
e a noite está noutro lugar
e débeis damas cinzentas estão na fila,
cão segue cão até o estuário,
as trombetas trazem a forca
enquanto homens pequenos se gabam de coisas
que não podem fazer.

tradução Leonardo Marona

Um comentário:

Gabriela Camargo disse...

gosto muito do bukowski. bonita esta foto.