24.11.07

“soneto da velha coisa inevitável”

o tempo nunca espera,
ele nunca nos esperou.
e a nós dois foi entregue
um interstício furta-cor.

essa é só uma cartinha
a quem o tempo levou
junto aos restos da rua,
à profusão do silêncio.

é estranho esse engasgo,
essas formas desapegadas,
que se enrugam só quando

falamos demais em amor,
doemos demais por amor,
e amamos só o que se foi.

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