15.9.07

"a evolução do anjo"

para Uirá dos Reis

mais forte do que eu,
treme o anjo decaído.
entre gritos e gemidos
vaga lento pelas ruas
arruinado pelo crack.

corre frágil o coração
no fio fácil da navalha.
cheira cola de sapato
com as unhas pintadas:
limparam seus bolsos.

de mãos dadas com outro,
segue o amor, fica o anjo.
rumo à trilha desconhecida
ele tenta voar, ir embora.
anjo dos olhos que dizem:

“mate-me por favor, agora”.

estrelas no sangue escorrem
pela glote do anjo sem vida.
a sigla do abandono é a bílis,
suas tripas fustigadas, horas.
anjo dos olhos que suplicam:

“mate-me por favor, agora”.

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