17.3.07

"seiva bruta"

não sei escrever
e isso agora
não me ressente
muito;
não neste minuto.

não me importa o agora,
como se eu de fato fosse
ilusoriamente não saber
(como não sei de nada)
o que seria essa doença
de escrever o que dizer
só para aplacar o fígado
da psicologia-cavanhaque,
não mais usada para convencer
enfim o fato de que não se pode
perceber mais coisas sob pretexto
de que, mesmo cegos, ainda erramos,
o que parece ingênuo e torna falha
injustamente a melhor vergonha
para não se fazer ou viver em pânico.

nada melhor do que dormir com pressa,
o que se torna impossível quando se pensa
que se é a própria morte na crise da foice.

muito melhor ter sido ressuscitado
por algo que foi feito além da palavra,
deus calmo – nós – cheios de vaidade,
como quando deus inventou o diabo.

a pessoa descobre que é fraca
não quando diz “sou fraca”,
mas sim quando um amigo
a olha com atenção redobrada.

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