21.1.07

“Edifício Lonely”

os olhos colados, a vida que ficou sob a cama
dos homens que seguem calados, semi-homens
jurados pelo silêncio da revolução dos poucos
cujos olhos refletem ilhas, cemitério da manhã.

esqueceram de esbaforir o presságio da veia rude,
e os corpos não levam nada para casa, nem casam
os que, sozinhos, semeiam com o sangue que urge
por dentro da multidão armada, que não pergunta.

mulheres (mulheres? - diapasão na pele da lágrima)
seguidas pelo ritmo falho do esquecimento sabem
quanto de zelo, quanto de acre, quanta terra funda
fecunda a tarde sobre vagões em pausas conflitantes.

todos seguem indistintos no ar, juntos como um só
nó de toda força apavorada que tarda e não diz por
quem, mas reza com abraços que amassam as feridas
e fundam sem aspas a poesia árdua da poesia extinta.

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