16.7.06

“o vinco afetivo de Virgínia Morse”

duas doses para além do amor perplexo que teve as pernas decepadas, ela espera pelo reflexo da sua própria sorte curtido no fundo falso da cartola sem retorno onde as almas sensíveis desaparecem e retomam o centro catatônico de uma questão aparentemente banal, mas complexa: loira escura, nuca de avelã, gosto de farmácia, unhas dos pés carregadas de pecados incompletos, exame pré-natal garantido por pontas de agulhas filicidas, fios grossos de cabelo espalhados pelo calcanhar descascado de veias. a fatiota do major confinada de ácaros atrás do baú – tomado de cupins por dentro como certos corações infantilizados de desconfiança e rugas que se tornam cinzentos e inchados de pus, tal qual o crânio do major, reconstituído aos pés de tias com unhas de águia e salmos de sobrancelhas e guardado para os vermes dentro da madeira; major mesmo cuja fatiota lhe provoca bolhas de gás no cérebro – impossibilitado de fantasias sonoras. fantasmas proletários sujos de graxa reivindicam outra dose, que sai tremida das lembranças oleosas: um aquário escarninho de prazeres líquidos anis inadequados para a satisfação de cada pétala de pedra, de cada cílio postiço embalado pelo piano mecânico ao fundo do inferno dos percevejos fanáticos. tarde demais para perder, cedo demais para adotar a melhor guilhotina. só as taças vazias marcadas de batom sabem o que significa o sofrimento: esse vinco perturbado de belezas rarefeitas que a faz manequim de veludo.

4 comentários:

Anônimo disse...

eu tenho um vinco afetivo com esse blog

leonardo marona disse...

porra, ev, pra mim é uma honra, cara!

natércia pontes disse...

unh que lindo é faishhhhbinder?
sou sua fã.
beijos borboletas com cílios postiços.

Anônimo disse...

na foto é a Veronika Voishhhhhhh.

beijos, estou esperando as asas aqui da janela.

leo