11.5.06

“frágil”

O menino de dezessete anos que morreu pelo amor vago, o que os médicos protocolaram como “mal súbito”, num campo de futebol cheio, em Minas Gerais. O que eu quis amar e o que eu pude dar em troca por conta da frase. Uma pomba embrulhada para presente no festival da canção popular de mil novecentos e setenta e dois passado e sempre franco, mas não tanto. Uma menina que me amava com palavras e que me nega por que tem razão. O termo fácil da bebida por autocomiseração, já que o que resta é duvidar e escrever a certeza. Duas trelas mal-forjadas junto a um bêbado que ajudou a perfurar o metrô e elevou a ponte onde muitos Manhattan. O cerco da solidão das pessoas conjuntas em círculos admissíveis. Uma caneca de bom uísque cheia – bordada com seu próprio sobrenome na face azuleja – do erro porcelano. A mesma menina que um dia disse, hoje não diz mais nada, apenas alega vingança, sem que se negue a abundância do que se diz sobre a libido. A melodia azul que ouço agora numa voz barítono de heroína. Camisas xadrezes abotoadas nas mangas, lembrando Cobain na hora inexata. Meninas com cabelos de mola, que não são tuas, são do azul que foi embora de ti, só porque lembrei do azul há pouco. Dois cavalos de tróia, por pura intransigência poética. O outro lado da moeda, branco. Três acordes de improviso beato em meio a gritos de selvageria. Uma ligação madrugada, atendida pela metade de imediato, sem ninguém acordado do outro lado da linha. Ser são, mas não ser verdadeiro. Ser louco, mas não como as pessoas entendem o que chamam de loucura, ou de sociedade harmônica. Mentiras na tela dos olhos. Tristes rasgos de paixão que furam camisas arrombadas de gritos. Atrizes que me passam pela cabeça, sem que eu deixe de pensar em Rita. Uma cagada fedorenta que mais parece risco do que isso, sendo apenas você menos você, o que é igual a mais menos. Dúvidas de prazer confundidas com falta de amor. Chances de palavras que simplesmente te insultam pela burrice. Firmeza de pensamento no gozo repartido em fósseis ocultos. Todas as coisas do mundo, já que estamos todos certos. E o quanto isso soa patético, sabendo que somos humanos. Mas no fundo, uma menina que me fez acreditar na morte do ídolo de mim mesmo. A mesma que hoje usa frases feitas – a mesma que hoje me aceita pela metade – me fez ser inteiro. E eu adoro Tim Buckley, é claro.

2 comentários:

Anônimo disse...

É esse?! Uma menina que te amava com palavras e que te nega por que tem razão. A mesma menina que um dia disse, hoje não diz mais nada, apenas alega vingança, sem que se negue a abundância do que se diz sobre a libido. Dúvida do prazer confundindo com a falta de amor. A mesma que hoje te aceita pela metade – te fez ser inteiro. O que dizer?! Amei ...

Anônimo disse...

olha aí as paixões tendo recaídas ... mais amado...
bjs no coração