17.8.05

vai-e-vem-joão-de-barro

para o velho pantaneiro


do meu canto fechado, ouvido morto,

tento ouvir o sopro, um vulto ereto,

de um joão-de-barro no forro do teto.


mas meu joão-de-barro bate as asas,

só um pio, então sinto a foice

e depois não ouço mais nada.

debandada. foi-se.


de trás do poço onde perdi meu tempo

sinto um murro no estômago violento

que não me deixa parar de chorar quando ouço

o velho poeta, isolado às margens de um rio,

capim na mão, boina de veludo, na outra o resto do mundo,

dizer que só nos resta um sentimento longínquo e profundo

(uma página que se abre à lágrima minúscula)

de coisa esquecida na terra

(é quando meu joão-de-barro regressa)

como um lápis numa península

(ou eu quando ainda era, alisando a pele matutina

do teu rosto materno antes de fugir para o sonho,

acreditando cegamente que seria para sempre bom).

Um comentário:

Anônimo disse...

porra, maneiro o blog. já tem texto pra caralho. acho que vai ser um bom exercício de escrita e de busca de imagens. a foto do li po ficou do caralho. vou botar o link no nosso blog. abs. nos vemos na sexta.